A Secção Regional Centro (SRCentro) da Ordem dos Enfermeiros divulgou os resultados de uma visita abrangente realizada a 21 Serviços de Urgência (SU) na região Centro, durante o pico do inverno, numa altura de elevada pressão sobre os serviços devido à alta incidência de infeções respiratórias agudas. A visita, que teve lugar a 12 de janeiro de 2024, abrangeu dez Serviços de Urgência Básica (SUB), nove Serviços de Urgência Médico-cirúrgica (SUMC) e dois Serviços de Urgência Polivalente (SUP).

A SRCentro centrou a sua atenção na promoção da segurança e qualidade dos cuidados de enfermagem, num contexto de sobrelotação dos serviços e elevados tempos de espera, desafiando as condições ideais para a prestação de cuidados de saúde. Foram avaliados aspetos como o número de admissões nas últimas 24 horas, os tempos de espera para a primeira observação médica e a implementação de protocolos de Vias Verdes (Sépsis, Coronária, AVC e Trauma).

Coimbra liderou em número de admissões, com 442 entradas no Hospital Universitário de Coimbra e no Hospital Geral – Covões, seguido pelo Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, com 427 doentes admitidos, e pelo Hospital São Teotónio, em Viseu, com 242 admissões. No que diz respeito ao tempo de espera para a observação de casos classificados com pulseira amarela, a média foi de 83 minutos, com situações extremas como em Leiria, onde a espera atingiu as 11 horas, muito acima do limite recomendado de 60 minutos.

A visita destacou também a ausência de equipas de transporte em vários serviços, o que sobrecarrega os profissionais e reduz a eficácia das respostas. Apenas cinco dos 21 SU visitados dispunham de equipas de transporte, colocando em causa a segurança e a qualidade dos cuidados prestados.

Os protocolos de Vias Verdes, essenciais em situações críticas, apresentaram uma implementação desigual. A Via Verde AVC foi a mais presente, estabelecida em 13 SU, enquanto a Via Verde Trauma apenas existia em Coimbra e Castelo Branco. A Via Verde Sépsis, considerada crucial em situações de infeção grave, não estava implementada em nenhum dos SUP, estando presente apenas em quatro dos 21 serviços analisados.

O presidente do Conselho Diretivo da SRCentro, Valter Amorim, alertou para a necessidade urgente de reforçar as condições nos Serviços de Urgência, especialmente com a aproximação do outono e inverno, períodos que tradicionalmente aumentam a pressão sobre os sistemas de saúde.

Com mais de 17.600 membros ativos, a SRCentro, que abrange os distritos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu, continua a trabalhar em prol da melhoria das condições de trabalho dos enfermeiros e da qualidade dos cuidados prestados à população, sublinhando que a segurança dos pacientes e a dignidade dos profissionais são prioridades que devem ser preservadas.