A vila de Belmonte recebeu esta quarta-feira, 23 de abril, a chegada da primeira etapa da 13.ª edição do Grande Prémio O Jogo, uma das principais provas do calendário nacional de ciclismo. A meta foi instalada junto ao Castelo, cenário histórico para a consagração do ciclista Emanuel Duarte (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car), o primeiro líder da competição.
Apesar do simbolismo da chegada, o ambiente no local contrastou com a expectativa: as ruas apresentavam-se visivelmente pouco movimentadas e a participação do público foi discreta. A realidade no terreno levanta questões legítimas sobre o impacto local do evento e a adequação dos recursos aplicados.
A Câmara Municipal de Belmonte investiu 30 mil euros na organização desta etapa, através de um contrato por ajuste direto com a empresa Notícias Ilimitadas, SA – conforme consta no portal BASE de contratos públicos. O valor destinou-se à promoção do concelho no contexto de uma prova com visibilidade nacional, tendo como argumento a dinamização da economia local e o reforço da notoriedade turística.







Contudo, sem indicadores públicos de retorno económico imediato, e perante uma receção popular pouco expressiva, multiplicam-se os questionamentos. O evento terá efetivamente beneficiado o comércio local? Quantas pessoas foram mobilizadas? E qual o alcance real da exposição mediática de Belmonte no contexto da prova?
Num momento em que as contas públicas estão sob escrutínio e os municípios enfrentam desafios de gestão cada vez mais exigentes, a aplicação de 30 mil euros num evento que não teve a adesão esperada coloca o foco na avaliação do retorno dos investimentos públicos – especialmente quando envolvem dinheiros de todos.
A chegada da prova pode ter sido desportivamente significativa, mas deixa em aberto uma pergunta com peso institucional: Belmonte ganhou o quê?