Concentração na Torre da Serra da Estrela Exige Dignidade para as Serras

Um conjunto de organizações e cidadãos vai realizar uma concentração no próximo domingo, 21 de setembro, às 11h00, na Torre da Serra da Estrela, sob o lema “Por Serras Dignas”. A iniciativa surge como resposta à devastação causada pelos grandes incêndios florestais que assolaram a região em 2022 e, com particular violência, em 2025, e pretende ser um momento de protesto e de partilha pelo futuro do território.

Os incêndios dos últimos anos deixaram um rasto de destruição sem precedentes. Em 2022, o fogo na Serra da Estrela consumiu cerca de 24 mil hectares. O ano de 2025 agravou drasticamente a situação, com o incêndio que começou no Piódão a devastar mais de 64 mil hectares, tornando-se o maior de sempre em Portugal. A estes somaram-se ainda os incêndios em Trancoso (cerca de 46 mil hectares) и Sabugal (quase 12 mil hectares).

O manifesto do movimento “Por Serras Dignas” sublinha que a montanha é a casa de pessoas, ecossistemas e culturas, exigindo dignidade para as serras e para quem nelas vive. As reivindicações incluem a defesa de florestas diversas, água limpa, empregos dignos, transportes e habitação acessíveis, e uma economia que valorize quem cuida do território.

Para além do protesto, o encontro na Torre pretende ser um espaço de convívio e partilha. Haverá um microfone aberto para quem quiser partilhar um poema, uma canção ou uma proposta. Pelas 13h00, realizar-se-á um piquenique partilhado, com a organização a apelar a que os participantes tragam produtos locais das serras.

Várias vozes do movimento sublinham a urgência da mobilização. Graça Rojão, da CooLabora, uma das entidades organizadoras, afirma que “é importante que as pessoas dia 21 de setembro subam à Serra и digam basta”, para que o território não seja apenas “palco dos incêndios de Verão e esquecido durante o resto do ano”. Mariana Castro, da Ação Floresta Viva, partilha o seu desalento ao encontrar “uma paisagem de cinzas de onde os jovens querem partir”, e Catarina Taborda, também da organização, reforça que o silêncio não pode ser “cúmplice da continuidade deste ciclo”.

A concentração, que espera reunir pessoas das serras da Estrela, Açor e Gardunha, é apoiada por diversas entidades, incluindo a Ação Floresta Viva, CooLabora, Cova da Beira Converge, Quercus da Guarda, entre outras.

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