António Beites revela discrepâncias nas contas da Câmara de Belmonte e admite cenário financeiro “muito preocupante”

O presidente da Câmara Municipal de Belmonte, António Beites, abriu a reunião do Executivo desta sexta-feira com uma nota introdutória marcada por forte preocupação sobre a situação financeira do Município. Segundo o autarca, o valor divulgado relativamente à dívida municipal — 10 milhões e 860 mil euros, à data de 30 de junho de 2025 — não corresponde ao montante real atualmente em causa.

Beites explicou que a autarquia está a proceder à auscultação de todos os fornecedores, verificando-se uma “discrepância elevada” entre as contas apresentadas e as dívidas efetivamente assumidas. Apenas no final do ano, garantiu, será possível conhecer com rigor o valor total da dívida.

O presidente anunciou também uma mudança profunda na estratégia de gestão municipal, sublinhando que “só em novembro, os custos com pessoal absorveram 70% do Fundo de Financiamento das Freguesias (FFE)”, um indicador que, segundo o próprio, demonstra uma estrutura financeira desequilibrada.

Outro dos pontos críticos revelados por António Beites refere-se ao contrato de programa entre a Câmara Municipal e a empresa municipal, o qual, afirmou, “não cobre as necessidades financeiras” da entidade. O autarca considera que o quadro de pessoal é excessivo e que a empresa apresenta um défice significativo, prometendo trazer este tema à próxima reunião do Executivo.

A preocupação estende-se também ao setor cultural. Beites sublinhou que todos os museus do concelho necessitam de requalificação, investimentos que poderão ascender a milhares de euros e que, neste momento, a autarquia não tem capacidade para assegurar.

No que diz respeito aos pagamentos, o presidente esclareceu que, em novembro, a Câmara Municipal irá liquidar faturas que datam de junho. Já as faturas de agosto, com um valor acumulado que ronda 1 milhão de euros, só poderão ser pagas até 31 de dezembro.

António Beites admitiu ainda que a autarquia não está a cumprir os seus compromissos com as associações locais, mas garantiu que pretende regularizar a situação ainda durante o mês de dezembro, anunciando que se reunirá com todas as entidades para procurar soluções.

O presidente concluiu reforçando a gravidade do momento financeiro do Município e a necessidade de tomar medidas urgentes para restaurar o equilíbrio económico e a capacidade de resposta da autarquia.

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