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“O verdadeiro Natal” é o pensamento deixado este ano na tradicional mensagem de Natal do Bispo da Diocese da Guarda

D. Manuel da Rocha Felício aborda a solidão e o abandono das pessoas que são hoje “um desses dramas mais graves. Temos, nos nossos meios, crescente número de pessoas a viverem sós, umas em suas casas, mas longe dos familiares; outras acolhidas em lares, mas também longe dos afectos da família. É certo que é necessário travar os contágios, mas havemos de ter imaginação e coragem suficientes para travar os contágios sem interromper as relações. E felizmente estão já a ser ensaiados caminhos para, mesmo com a pandemia, os idosos poderem contar com a presença e o conforto dos seus familiares e amigos”.

O Bispo da Guarda reconhece que só os laços familiares podem vencer a solidão na vida das pessoas, mas não podemos dispensar “o contributo dos lares, embora sendo necessário reforçá-los com novos meios humanos e materiais, a começar pelo imprescindível acréscimo das comparticipações do Estado, principalmente sabendo nós que o horizonte é criar lares especializados. De facto, também os lares precisam de se especializar nas respostas que dão para atender as diferentes tipologias de fragilidades dos que os procuram. Como constatamos, há muito que eles desempenham funções de verdadeiros hospitais de retaguarda”.

A solidariedade é “outra lição que o Menino de Belém nos dá, principalmente compreendida como o esforço por conseguir a plena inclusão das pessoas na vida social e das comunidades”. Ora, este Natal a Diocese da Guarda está “empenhada num processo de revitalização e reorganização das comunidades e seus serviços e também da comunhão entre elas. Para tal, o primeiro passo é reforçar a proximidade entre as pessoas e criar condições para que as suas capacidades sejam reconhecidas e colocadas ao serviço, e depois estimular a comunhão entre as comunidades. Estamos convencidos de que este é um processo que em muito contribuirá para desfazer solidões e promover a desejada plena inclusão. Dele faz parte a partilha que o Natal recomenda: partilha de bens materiais, mas igualmente de valores pessoais, de saberes e do próprio tempo”.

D. Manuel da Rocha Felício afirma que o caminho para chegar à plena inclusão é longo, “no mundo global, cresce a distância entre ricos e pobres, o número dos pobres continua a aumentar, o drama dos migrantes e refugiados não pára. Localmente, entre nós e nas nossas comunidades, para além dos lares já referidos, os hospitais e as prisões continuam a ser grande desafio à nossa obrigação de cuidarmos bem uns dos outros”.

“Dos hospitais esperamos diagnósticos e terapias acertadas, mas isto sem excluir o direito e o dever que as famílias e a própria sociedade têm de acompanhar os seus doentes, fazendo-lhes sentir que a doença não tem de ser exclusão, mas antes oportunidade de reencontro de cada um consigo mesmo e com os outros. Compreendemos os constrangimentos recomendados por causa dos contágios, mas não podemos resignar-nos a eles”.

Na Diocese da Guarda estão sediados quatro Estabelecimentos Prisionais, o Bispo na esquece os que vivem com a liberdade condicionada “precisam de sentir a presença e o conforto não só dos seus familiares, mas da própria sociedade como tal, que espera acolhê-los, depois de devidamente recuperados, na nova fase da sua vida. De facto também nestas instituições, o diálogo com as famílias e a sociedade não pode ser interrompido, apesar dos riscos inerentes, sob pena de os tempos de reclusão criarem traumas irrecuperáveis”.

No programa trianual da Diocese da Guarda, a atenção está voltada principalmente para as famílias e para os jovens, “às famílias pedimos redobrado empenho, para, no exercício da sua vocação de defesa e promoção do amor e da vida, procurarem desfazer, quanto possível, todos os isolamentos e abandonos. Aos nossos jovens, que preparam, com entusiasmo e em jeito de missão, a próxima Jornada Mundial da Juventude, queremos dizer que, sem a sua participação activa, nunca poderemos chegar à desejada renovação da Diocese”.

D. Manuel da Rocha Felício fecha a mensagem de Natal referindo que vamos ter este ano um Natal diferente, “mas é legítimo esperar que seja um natal ainda mais verdadeiro, porque mais centrado no acontecimento que constitui a sua razão de ser – o Nascimento do Jesus no Presépio de Belém. Vivamos este Natal com renovada alegria e esperança, mesmo com as diferenças que as actuais circunstâncias nos impõem. Contamos com a especial companhia da Mãe daquele Menino, Maria Santíssima, para nos ensinar a compreender e aplicar, nos dias de hoje, a lição Belém.”

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